Apesar de serem de segmentos completamente diferentes, Apple, Casas Bahia, Uber, Cirque Du Soleil, Rent the Runway, Alibaba e Gol Linhas Aéreas têm algo em comum. Todas elas usam — ou utilizaram em algum momento — a estratégia Blue Ocean.
O Oceano Azul — tradução literal de Blue Ocean — é um artifício usado por empresas para inovar em processos, produtos e serviços oferecidos aos consumidores. Em um cenário de alta competitividade, o termo passou a se tornar comum entre empresários e empreendedores do mundo todo.
De acordo com os seus criadores e estudiosos, o grande objetivo da sua aplicação é tornar a concorrência irrelevante. Para descobrir todos os detalhes sobre esse assunto, continue a leitura.
Origem e significado
O ditado popular diz que mar calmo não faz bom marinheiro. No mundo dos negócios, acontece justamente o contrário. Isso quer dizer que mercados com alta concorrência e já saturados podem levar a severos impactos financeiros e até falência.
O conceito Blue Ocean surgiu em 2005, após o lançamento do livro Blue Ocean Strategy – How to create uncontested market space and make the competition irrelevant pelos estudiosos Renée Mauborgne, dos Estados Unidos, e o coreano W. Chan Kim. Apenas dois anos depois do lançamento oficial, o livro e o conceito da estratégia do Oceano Azul chegaram ao Brasil. Até hoje a obra é um sucesso em diversos países e já foi traduzida para mais de 40 idiomas.
O livro, assim como o conceito da estratégia, é fruto de uma pesquisa de dez anos com 150 empresas em 30 segmentos de mercados diferentes. O resultado, de modo muito simples e direto, é que a forma mais efetiva de superar os concorrentes é parar de tentar superá-los.
De acordo com os pesquisadores, aplicar a estratégia do Oceano Azul significa criar e vender produtos e serviços em que há pouca ou nenhuma concorrência. Ou seja, ser o primeiro negócio a atuar em um segmento. É assim que a concorrência é colocada de lado, tornando-se irrelevante.
Blue Ocean Vs. Red Ocean
Isto explica a analogia feita que dá nome ao conceito de Blue Ocean: um grande Oceano Azul, que é um lugar calmo e profundo, para caracterizar a grande oportunidade de exploração de mercado.
No livro, os autores ainda fazem o contraponto com o Oceano Vermelho. Nesse caso, refere-se a um mercado repleto de empresas com limites bem definidos e regras de competição já conhecidas. Sendo assim, é preciso superar as barreiras colocadas pela concorrência para conquistar um lugar. O vermelho faz referência à competição acirrada que torna a água sangrenta.
Benefícios da estratégia do Oceano Azul
Muitas vezes, o desenvolvimento daquilo que não existe ou o início da atuação em um mercado totalmente novo pode ser mais desafiador do que mergulhar em um Oceano Vermelho. Contudo, quando a estratégia é bem executada, gera benefícios claros e duradouros.
Aumento dos lucros com baixo custo
Por ser algo desconhecido até então, as empresas que usam a estratégia do Oceano Azul exploram os principais benefícios de suas soluções com baixo custo. Ainda por esse motivo, o lucro pode ser muito alto, visto que o produto ou serviço é oferecido somente por uma organização, podendo cobrar um pouco mais por sua exclusividade. É claro que, para isso, é preciso comprovar o valor gerado ao cliente.
Fortalecimento de marca
Toda empresa que lança algo totalmente inovador no mercado tem a sua imagem reconhecida como empreendedora e revolucionária, que entende do segmento e se torna especialista na solução oferecida. Consequentemente, isso agrega valor à marca e cria uma forte conexão entre empresa e consumidor.
Mais oportunidades
Segmentos que ainda não foram trabalhados permitem que as organizações tenham mais oportunidades, com margens de lucro maiores. A estratégia do Oceano Azul, como dissemos, faz com que as empresas que a utilizam se afastem da concorrência. Logo, elas identificam e atuam em mercados até então inexplorados e, como consequência, geram resultados melhores em sua maioria.
Como gerar vantagem com a estratégia Blue Ocean
Criar aquilo que não existe exige visão e criatividade. Sabendo disso e conhecendo as principais dificuldades dos empreendedores e empresários, os autores do livro Oceano Azul explicam como aplicar essa estratégia em seis etapas. O método passa pelo cumprimento de seis fases que auxiliam a organização a gerar vantagem na exploração do Oceano Azul. São elas:
- conhecer o que as empresas do mesmo segmento já fazem para auxiliar a criar algo completamente diferente, que ainda não existe;
- identificar aquelas organizações que se destacam no segmento. Logo, analise o que elas fazem e quais modelos de negócios são bem-sucedidos. Assim, é possível pensar no que oferecerá e no que os concorrentes diretos não oferecem;
- analisar a cadeia de compradores pode ajudar você na percepção de quais outras empresas e consumidores podem se tornar clientes da solução;
- o sucesso pode estar no oferecimento de um produto ou serviço complementar a algo que já existe;
- examinar os compradores, os seus comportamentos e as suas emoções auxilia a antecipar tendências e a criar algo totalmente inovador;
- considerar o tempo e espaço em que será comercializado um serviço ou produto é fundamental para o seu sucesso e a geração de valor e relevância para o público.
Após a realização do estudo dessas seis fronteiras, a dupla criadora do conceito coloca quatro etapas para a aplicação prática da estratégia. Confira a seguir.
Despertar visual
O primeiro passo é conferir o que as empresas do mesmo segmento estão fazendo, comparando-as, além de identificar pontos de melhorias e o que pode ser feito de diferente.
Exploração visual
Com todas as informações reunidas na etapa anterior, é hora de desenvolver e explorar os elementos que serão destacados como diferenciais junto à equipe.
Apresentação da estratégia visual
Na penúltima fase do processo, apresente o que foi criado para os seus possíveis clientes. O objetivo de apresentação da estratégia é recolher feedbacks e aprimorar a ideia de acordo com a necessidades do seu público.
Comunicação visual
Por fim, feito o processo, é hora de aplicá-lo, com a divulgação da estratégia para o público. Dessa forma, o modelo ideal de negócio é encontrado.
A liderança do Oceano Azul
Até então abordamos pontos cruciais relacionados ao processo de criação de soluções inovadoras para a exploração do Oceano Azul. Porém, algo fundamental para o desenvolvimento dessas etapas e, consequentemente, sucesso do negócio é a liderança que representa e está à frente da estratégia.
Os estudos relacionados ao Blue Ocean não finalizaram com a publicação do livro. Percebendo a importância das pessoas nesse processo, em 2014, Kim e Renèe — criadores do conceito — publicaram um artigo na Harvard Business Review dando origem ao conceito de liderança do Oceano Azul.
O objetivo dessa teoria é melhorar o engajamento dos colaboradores das empresas. Por meio da aplicação dos conceitos e métodos do Oceano Azul, os líderes identificam os talentos e energia inexplorados de seus funcionários. Os autores colocam os membros da equipe de um líder como consumidores que devem receber todos os cuidados, orientação e apoio para atingirem as suas metas.
A ideia da liderança do Oceano Azul traz a reflexão de que, em muitos casos, o problema pode não estar nos processos ou solução que são oferecidos, mas sim na liderança insatisfatória.
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