Guia completo: empreendedorismo na era digital

Ser um empreendedor já é, por si só, um grande desafio: além de todas as burocracias que envolvem a abertura e manutenção de um negócio, como o fluxo de caixa, a busca por novos investimentos e os processos de due diligence, ainda é preciso pensar em quais são as características pessoais que devem ser aprimoradas para conseguir conduzir a sua empresa e a sua carreira.

Nos últimos anos, o avanço das tecnologias e o ímpeto de inovação do mercado estão trazendo consigo novos questionamentos para o mundo do empreendedorismo. Afinal, quais são as competências em que os líderes devem apostar e desenvolver? Como se inserir no contexto da transformação digital e repensar os negócios de forma que eles possam atender às novas demandas dos consumidores?

Para responder essas e algumas outras dúvidas que têm surgido para tantos empreendedores, elaboramos este guia completo. Durante a leitura, você terá uma visão mais completa do que é esperado de um empreendedor na era digital, quais são os tipos de negócios que têm ganhado destaque nos últimos anos e poderá entender mais sobre quais são as expertises que o farão se destacar em meio a tanta competitividade. Confira!

Empreender na era digital

Ao passo em que o mundo dos negócios e a sociedade são impactados pelas novas tecnologias, o empreendedor sente-se cada vez mais pressionado a repensar a sua trajetória enquanto líder e fomentador de novas iniciativas. Isso porque o mundo digital, que vem se consolidando ao longo da última década, trouxe consigo novas exigências, como:

  • estar atento ao que são os novos concorrentes de mercado;
  • compreender as novas demandas dos consumidores;
  • a necessidade de ter foco no cliente;
  • como gerar receitas e, ainda, conseguir reduzir custos para ser competitivo;
  • entender o que é gerar valor.

Para aqueles que ainda têm um pouco de dificuldade para compreender tantas modificações que ocorreram em um espaço de tempo tão curto, é preciso primeiro entender o que é, de fato, a transformação digital — em especial no contexto das empresas.

A transformação digital nos negócios

Dos primeiros PCs, que eram gigantes e ocupavam espaços enormes dentro de pouquíssimas empresas, para pequenos dispositivos móveis que permitem acessar os mais variados dados: a escalada para as tecnologias que temos hoje, na palma das nossas mãos, aconteceu de forma muito rápida e se intensificou nos últimos cinco a três anos, mesmo período em que o termo “transformação digital” começou a ser mais debatido.

Quem vê tantas mudanças causadas pelo impacto das inovações nas nossas vidas pessoais nem sempre imagina o quanto as transformações foram ainda mais profundas no contexto dos negócios. Isso porque a jornada digital vai muito além de simplesmente trazer sistemas de gestão, Inteligência Artificial, Big Data ou outras modernizações para o ambiente organizacional: é preciso uma mudança de mindset.

A cada pequena alteração feita no nosso comportamento enquanto consumidores, as empresas precisam se adaptar em múltiplos processos para conseguir atendê-las. Outras habilidades, que vão além do conhecimento técnico, são exigidas de todos os colaboradores e, principalmente da gestão — e esses são apenas alguns exemplos.

David Rogers, professor e autor do livro “Transformação Digital — Repensando o seu negócio para a era digital”, afirma que, para as organizações, cinco pilares passaram por mutações profundas e que precisam ser acompanhadas de perto:

  • os clientes, que precisam deixar de ser vistos como massas e exigem cada vez mais um atendimento personalizado, além de valorizar a interação e a conexão;
  • a competição, que se torna menos intensa na forma direta e ganha contornos de cooperação;
  • os dados, que são cada vez mais coletados e precisam ser analisados pelas empresas para que elas consigam tirar insights positivos;
  • a inovação, uma cobrança constante para todos os portes e setores;
  • a proposta de valor, que não pode mais ser algo imutável, pois, se assim for, não consegue atender às expectativas dos clientes.

Novos modelos de negócio

empreendedorismo

A jornada 4.0 trouxe consigo não apenas a necessidade de mudança nas organizações mais tradicionais, como também uma série de novas ideias de negócio, que com poucos anos de existência já mudaram completamente o mercado. Não é preciso fazer grandes pesquisas para encontrá-las: provavelmente, você tem na palma da sua mão o acesso a uma dessas novidades.

Empresas como o Nubank, a Netflix, a Uber e o iFood oferecem aos usuários um valor essencial em meio a tanta correria do dia a dia: a simplicidade. A proposta é justamente a de tornar mais práticos e acessíveis economicamente alguns produtos e serviços que, até pouco tempo, estavam envoltos em burocracias.

A necessidade de inovar e de ser disruptivo

Nos debates sobre a transformação digital nos negócios, muito se fala sobre os bons resultados atingidos por empresas que se propuseram a ser ou que já nasceram inovadoras e disruptivas, seguindo novos modelos. Quanto à necessidade de experimentar e inovar para conquistar novos clientes, diferenciais competitivos e gerar valor para o mercado, não há dúvidas: esse é um passo cada vez mais importante.

Porém, algumas discussões quanto à obrigação de ser disruptivo vêm sendo levantadas por especialistas. Uma recente publicação da Harvard Business Review traz um pouco desse debate: a transformação digital não exige uma mudança completa, imediata e abrupta de todo o seu negócio.

O que as empresas precisam se preocupar é em identificar os seus pontos de melhoria e fazer uma análise sobre quais processos podem receber investimentos em novas tecnologias para serem otimizados ou, até mesmo, eliminados por completo da rotina. Caso a disrupção não seja possível, não é necessário romper com todas as estruturas e comprometer resultados.

Negócios que crescem em ambientes diversos

Com a inovação sendo um dos fatores-chave para o desenvolvimento de negócios na era digital, as vivências diferentes, que geram uma maior multiplicidade de pensamentos e ideias, se tornam ainda mais valiosas. Um ambiente diverso é o cenário mais propício para o crescimento na transformação digital — e é sobre isso que trataremos neste tópico.

Uma pesquisa da consultoria McKinsey, realizada com 366 empresas de diversos segmentos, em várias partes do mundo, identificou que a diversidade importa. Um exemplo é que as organizações que investem em talentos de diferentes etnias e raças estão 35% mais propensas a ter uma maior lucratividade que as suas concorrentes nacionais, do mesmo setor.

Negócios já tradicionais no mercado, como a Bayer, já identificaram essa necessidade. Além de uma política consolidada de contratações que priorizem a inclusão e a diversidade, a empresa global de saúde e agricultura também valoriza discussões em grupos de afinidade para promover debates relativos a desafios enfrentados por pessoas de diferentes gêneros, raças, gerações, LGBT+ e das pessoas com deficiência.

A Visa e a XP Investimentos estão apostando em uma outra possibilidade: equipes multidisciplinares, que reúnem profissionais com diferentes expertises e competências. Juntos, todos trabalham com o foco em inovar e construir soluções que possam fazer a diferença para o que é mais importante: o cliente.

Tendências para o empreendedorismo 4.0

Antecipar-se em relação aos seus concorrentes é, ainda, uma das melhores maneiras para criar diferenciais competitivos e sair na frente da concorrência. É preciso que você conheça quais são os novos modelos de negócio e descubra o que mais faz sentido para o novo perfil dos consumidores para, a partir desse ponto, pensar em como inovar no seu negócio ou criar oportunidades no mercado. Conheça agora algumas das tendências da transformação digital!

Software as a Service

Não precisar baixar milhares de programas em um computador ou notebook, nem mesmo pagar por licenças é um desejo que, há muito tempo, os clientes demonstravam ter. Como uma forma de minimizar esse problema, surgiram as empresas que oferecem o Software as a Service, também conhecidas como SaaS.

Nesse modelo, é possível usar as ferramentas que mais precisa no dia a dia apenas com o uso da Internet. O serviço fica armazenado em nuvem e, para acessá-lo, basta pagar por uma assinatura. Cada empresa trabalhará com um modelo diferente de pagamentos, como:

  • free, com assinatura gratuita e muitos espaços de anúncio;
  • lite, em que o usuário tem direito a experimentar o recurso por um tempo determinado;
  • premium, uma assinatura paga mensalmente, com pacotes que atendem a diferentes necessidades;
  • freemium, em que o serviço é grátis, porém com funcionalidades adicionais pagas.

Customer Centric

Manter o cliente fiel à sua empresa é um novo obstáculo a ser ultrapassado pelas marcas. Atualmente, é muito mais fácil localizar um concorrente que ofereça um produto semelhante e, muitas vezes, com um melhor preço e melhores condições. Nesse cenário, manter o foco no cliente se tornou algo primordial para a sobrevivência dos negócios.

Customer Experience

Com as facilidades promovidas pela Internet, os consumidores estão cada vez mais em busca de negócios que permitam mais do que a simples compra e venda: o que eles almejam é viver uma experiência diferenciada com a marca, que o faça se sentir de fato atraído e conquistado.

Essa tendência tem mostrado grandes resultados. Segundo o Customer Experience Maturity Monitor, elaborado pela SAS Institute e o Peppers & Rogers Group, 81% das empresas que direcionaram o seu foco para o atendimento diferenciado aos clientes estão frequentemente obtendo melhores resultados e performance do que os seus principais concorrentes.

User Experience

Muitos empreendedores também já começaram a criar em seus negócios uma diferente área: a de User Experience (UX). Isso porque não basta que os seus clientes vivam oportunidades diferentes com a marca, mas que também possam utilizar os produtos e serviços de forma mais simples e que eles, de fato, atendam às expectativas e necessidades desses consumidores.

Alianças estratégicas

Como David Rogers explica, “as fronteiras entre os setores estão ficando nebulosas, assim como a distinção entre parceiros e concorrentes”. Na era digital, muitos negócios estão parando de se encararem como rivais de mercado e buscando formar alianças estratégicas para oferecer o melhor que podem para os seus clientes.

Um exemplo é a empresa brasileira de tecnologia TOTVS, que anunciou em 2019 a formação de uma joint venture com uma das maiores plataformas de e-commerce, a VTEX. Com essa união, a TOTVS consegue oferecer aos seus clientes a possibilidade de dar mais um grande passo na jornada digital, contando com uma estrutura de qualidade para vender pela Internet.

Responsabilidade Social

Cuidar da nossa sociedade e do lugar em que vivemos já não é mais um jogo de aparências. Marcas que promovem a responsabilidade social, seja com ações próprias, seja apoiando a projetos e causas já existentes, estão atraindo não apenas mais consumidores, como também novos talentos que buscam um trabalho com propósito.

Nichos de mercado

Assim como a personalização no atendimento está se tornando algo primordial para os consumidores, o atendimento a demandas muito específicas também tem ganhado espaço. Algumas marcas estão criando novos produtos e serviços de nicho e, além disso, levando negócios que já existem para regiões que ainda não tinham acesso a eles — lojas de alimentação saudável em periferias são um exemplo.

Principais métricas de negócios na era digital

empreendedorismo

Não é à toa que especialistas dizem que os dados são o novo petróleo do mundo. É que os empreendedores que desejam entender mais sobre a transformação digital nos negócios precisam estar sempre atentos aos números e resultados, pois são eles os responsáveis por dar insights valiosos sobre o que está dando certo e o que ainda precisa de adaptações para ajudá-lo a se manter no mercado.

As métricas que devem ser acompanhadas por você podem variar de empresa para empresa, porém vamos apresentar algumas delas a seguir para que você comece a se familiarizar ainda mais com esses conceitos.

Custo de Aquisição do Cliente

Conquistar um novo cliente é algo que costuma não ter um baixo custo. É necessário não apenas investir no desenvolvimento do seu produto ou serviço, mas também elaborar estratégias e ações de marketing, manter uma equipe de qualidade, dentre uma série de outros custos.

É preciso ter claro qual é esse valor que você está investindo para ter novos clientes fiéis à sua marca. Além disso, é crucial analisar se ele ainda faz sentido para a saúde financeira do seu negócio ou se é necessário fazer algum tipo de adaptação. Para isso, você utiliza o cálculo de Custo de Aquisição do Cliente (CAC).

Você faz a divisão das despesas realizadas pelo número de novos clientes que foram conquistados ao longo de um determinado período — o ideal é que essa avaliação seja mensal. Assim, você conseguirá identificar qual é o seu CAC e analisar qual estratégia você deve utilizar para deixar esse valor o mais baixo possível.

Churn

Assim como acompanhar a entrada de novos clientes é essencial, você também deve estar atento aos cancelamentos, ou seja, à taxa de churn. Esse valor não pode superar o número de novas aquisições de clientes, pois esse é um sinal de que o seu negócio não está conseguindo expandir. O cálculo também é simples: basta verificar quantos clientes cancelaram em um determinado período de tempo.

Taxa de conversão

Você ofereceu um material gratuito no seu site, com acesso exclusivo? O número de pessoas que ofereceram os dados e baixaram o conteúdo é a sua taxa de conversão. Quando essa taxa está muito alta, significa que a sua campanha e o seu Call to Action (CTA) são, de fato, efetivos. Caso negativo, é hora de repensar a sua estratégia.

Leads gerados

Depois que você ofereceu um material gratuito, alguns dos contatos que baixaram o conteúdo podem ser um cliente em potencial na sua empresa. Essa pessoa ou empresa que tem fit com o seu produto ou serviço é conhecida, no mundo dos negócios digitais, como lead. É importante saber o quanto a sua empresa consegue se aproximar dessas oportunidades, pois elas são o mais próximo que você tem de efetivar uma nova venda.

Retorno sobre o Investimento

Essa é uma métrica ligada diretamente à performance financeira da sua empresa. Com o Retorno sobre o Investimento (ROI), você saberá o quantas novas oportunidades você conquistou ou perdeu com a quantidade de recursos que foi investida naquela ação.

Para o cálculo, você seguirá a fórmula: subtraia o valor do investimento do valor investido e, em seguida, divida o resultado pelo valor investido. Não se esqueça de multiplicar o resultado final por 100, pois a taxa de ROI deve ser apresentada sempre em porcentagem.

Taxa de retenção

Já comentamos neste artigo que manter os clientes fiéis ao seu negócio tem sido um passo muito importante para as empresas no contexto digital. Por isso, a taxa de retenção é uma das métricas que mais devem ser acompanhadas de perto. O cálculo funciona da seguinte maneira:

  • primeiro, você deve subtrair o número de clientes que você tem no final de um determinado período pelo número de novos clientes obtidos nessa mesma quantidade de tempo;
  • em seguida, divida o resultado da subtração pelo número de clientes que você tinha no início do período;
  • para obter a porcentagem, multiplique o resultado por 100.

Ticket médio

Uma importante métrica para entender como está a performance da sua equipe de vendas é o ticket médio. O indicador mostra quanto, em média, os seus clientes estão gastando com o seu produto ou serviço. Para obtê-lo, basta dividir o valor que você registrou em vendas em um período pelo número de clientes que você tem até o final dele.

Os novos desafios de gestão

Não importa quanto tempo passará ou o quão tecnológico ficará o mundo: os empreendedores continuam repletos de desafios a serem superados para conseguirem conduzir os seus negócios e as suas equipes com sucesso. Alguns novos temas surgiram com a transformação digital e, conhecendo melhor cada um deles, você terá mais facilidade para identificar os caminhos para encará-los.

Estabelecer uma cultura de inovação

Estamos em um momento que diferentes gerações convivem juntas: quem cresceu habituado a escrever planilhas em papel e quem já praticamente nasceu sabendo mexer em um editor online. Com tantas diferenças, estabelecer uma cultura de inovação em uma empresa é um dos primeiros passos que deve ser dado pelos gestores.

Faça da sua liderança um exemplo: não apenas mostre dados que comprovem o quanto o uso de novas tecnologias e a sugestão de novas ideias são benéficos para o negócio, como também tenha a iniciativa de utilizar esses recursos no dia a dia. Além disso, não tenha medo de errar e transforme essas falhas em aprendizados — quantas vezes a Google já anunciou o encerramento de um serviço e, ainda assim, continua uma gigante do mercado?

Manter-se atualizado

O surgimento de novos produtos e conceitos de mercado está, de fato, mais acelerado no contexto da transformação digital. Por isso, é importante que você mantenha-se sempre atualizado, seja acompanhando algumas das principais fontes de informação, seja realizando cursos e especializações. Não deixe também de visitar os grandes eventos setoriais, que são uma excelente oportunidade de conhecer novos players e acompanhar tendências.

Trabalhe a inteligência emocional

Cuidar de você e de como se relaciona com o outro é um fator muito importante para obter sucesso na transformação digital. É preciso saber equilibrar a razão e o seu lado emocional para enxergar com mais empatia as necessidades dos seus colaboradores, dos seus clientes e dos parceiros de negócios, gerando valor para cada um desses públicos.

Saber quando usar a tecnologia

É cada vez mais inevitável não contar com tecnologias nos negócios. Porém, é importante saber quais são as ferramentas que você realmente precisa para impulsionar os resultados. Pouco adianta contar com uma Inteligência Artificial se a folha de pagamento da sua empresa ainda é feita manualmente.

É preciso voltar ao básico e, na dúvida, não tenha receio de buscar por consultorias que possam ajudá-lo na caminhada pela jornada digital. As tecnologias precisam proporcionar oportunidades, não ser um grande gargalo e trazer apenas custos elevados para o financeiro.

Desenvolver tantas competências, conhecer tendências, prestar atenção às novas tecnologias e aos seus benefícios e, ao mesmo tempo, acompanhar o desejo dos seus clientes: essa é uma longa jornada que o empreendedorismo na era digital exige de você.

Agora, procure pelos parceiros ideais e crie oportunidades ou conduza o seu negócio de forma mais alinhada à transformação digital.

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