Previsão do PIB para 2020: saiba o que esperar

O Produto Interno Bruto é um dos mais importantes indicadores econômicos de um país, e a previsão do PIB é um dos mais cruciais termômetros do otimismo do mercado e do governo com a economia de uma nação.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística tem uma ótima e sucinta definição teórica desse número tão popular:

“O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano”.

Neste artigo, o blog da Emeritus traz para você as principais previsões do PIB — o que governo, FMI e mercado esperam da produção brasileira para 2020. Também falamos dos fatores, internos e externos, que podem mexer com as peças do tabuleiro da economia global. Boa leitura.

Como o PIB é calculado e qual é a sua importância?

Bens finais é a expressão-chave para entender o PIB. Basicamente, o PIB leva para a sua conta a última venda de novos produtos, não toda a cadeia de produção, nem toda transação existente. Ele é pensado para evitar, sempre, a dupla contagem.

Se, em um país, nenhum imóvel for construído em um ano e apenas imóveis já construídos forem negociados entre pessoas, então nenhum valor relativo à venda de imóveis entrará para a soma do PIB.

O exemplo mais clássico e didático para entender, de uma vez por todas, o PIB é o pão. Se o trigo é vendido do fazendeiro para fábrica de farinha por 1, a farinha é vendida para o padeiro por 2 e o pão é vendido na padaria para o consumidor com preço final de 4, o valor que entra na conta é apenas esse último 4.

Na prática, essa soma envolve não só o IBGE (responsável pela divulgação oficial dos dados), mas também uma série de dados gerados por instituições que vão do Banco Central a universidades privadas.

No fim, o PIB representa a capacidade de um território de produzir novas riquezas em um certo período de tempo — normalmente, um país em um ano.

Qual é a previsão para o PIB em 2020?

A resposta depende, em especial, de para quem você faz a pergunta — todavia, governo, Fundo Monetário Internacional (FMI) e analistas independentes do mercado estão divergindo pouco nas expectativas para o Brasil em 2020.

Começando pelo governo, o ministro da Economia Paulo Guedes afirmou que o PIB brasileiro deve crescer 2,5% em 2020, 0,1% acima da estimativa da Secretaria de Política Econômica, ligada ao próprio Ministério da Economia de Guedes.

O PIB de 2019 não foi oficializado pelo IBGE até o fechamento deste artigo, mas o Ministério fala em 1,12% — ante 1,2% segundo Guedes.

Durante o mesmo painel do FMI em que divulgou sua estimativa pessoal, o Ministro usou a sua metáfora favorita: o Brasil é uma baleia ferida, arpoada diversas vezes (os gastos públicos, a corrupção etc.) e que, eventualmente, parou de se mover. O aumento tímido de 2019 seria os primeiros sinais de recuperação da baleia, que deve se mover um pouco mais em 2020 e chegar ao patamar dos 3% e 4% em 2021 e 2022.

O próprio FMI, por sua vez, parece compartilhar, com mais timidez, do otimismo do governo. O grupo aumentou de 2,0% para 2,2% a estimativa de crescimento do PIB brasileiro no ano.

Dos acontecimentos do ano que passou, o FMI assinalou a aprovação da Reforma da Previdência e a retomada produtiva do setor de mineração; para 2020, destacou a expectativa de que o Bolsonaro mantenha uma política austera, visando a contenção da dívida pública — próxima de 80% do total do PIB anual do país.

Já as instituições financeiras, segundo relatório divulgado pelo Banco Central em 27 de janeiro, mantiveram a previsão do fim de 2019, em 2,31%, se posicionando entre a projeção mais otimista do governo e a um pouco mais conservadora do FMI.

O mesmo relatório apontou, ainda, expectativa de que a taxa básica de juros termine o ano na casa dos 2,25% (contra os 2,5% atuais). A inflação, por sua vez, é esperada para terminar o ano na casa dos 3,47% e o dólar chegar ao fim do ano cotado a R$4,10.

Quais são os fatores que podem afetar o PIB brasileiro?

Previsões econômicas são traiçoeiras porque, afinal, elas não estão desassociadas da política, a qual é bastante imprevisível. Influências externas e internas podem alterar o jogo. Por isso, vamos passar por algumas delas.

Fatores internos

Por aqui, é ano de eleições municipais, um importante termômetro da popularidade e do governo, que pode sair com mais ou menos capital político das urnas — Aliança pelo Brasil, novo partido anunciado por Bolsonaro no fim de 2019, pode não sair do papel em tempo para disputar o pleito de outubro.

No legislativo, as dúvidas dos analistas políticos pairam sobre a capacidade do governo em repetir o feito da Reforma da Previdência e emplacar novas vitórias na chamada agenda macroeconômica, em especial aquelas que apontam para contenção de gastos públicos e mais animam investidores.

Entre as pautas prioritárias da equipe econômica, as PECs da Emergência Fiscal (186/2019) e dos Fundos Públicos (187/2019) têm as melhores expectativas para o primeiro semestre. As chamadas reformas tributárias e administrativas, por outro lado, caminham com mais lentidão.

Fatores externos

Lá fora, as hostilidades fiscais entre EUA e China — e, em menor escala, EUA e europeus — estão entre os principais fatores de atenção.

O acordo preliminar de janeiro trouxe alguma paz ao mercado, mas é visto muito mais como uma trégua do que como sinal do fim da tal Guerra Comercial entre norte-americanos e asiáticos. Uma piora drástica na relação entre as duas maiores economias do mundo afetaria todo o jogo econômico globalizado. O próprio Banco Central brasileiro afirma que acompanha com atenção as movimentações entre os dois países.

No campo da geopolítica, as preocupações ficam por conta da recente troca de agressões entre EUA e Irã. O assassinato do general Qassim Suleimani por um bombardeio americano em Bagdá, seguido da resposta persa, ligou o alerta para a possibilidade de mais uma escalada militar no Oriente Médio. O preço do barril de petróleo entrou em 2020 sofrendo fortes oscilações, mas o tom ameno de Donald Trump após o revide iraniano trouxe relativa tranquilidade ao mercado.

Questão iraniana à parte, a região continua palco de um teatro delicado de tensões, em particular com os confrontos no Iêmen, na Síria e na Líbia. A produção do petróleo não é mais tão concentrada na região como em outros tempos, mas os confrontos na área ainda têm o potencial de desestabilizar o preço do combustível e causar um efeito cascata nas economias ao redor do globo.

Na Europa, existe medo de estagnação econômica. A combinação entre população envelhecida, inflação próxima a zero e juros baixos cria dúvidas sobre a capacidade do bloco europeu de promover crescimento — um processo que analistas gostam de chamar de japanização da economia. Por outro lado, o tão esperado fim da novela do Brexit trouxe alívio e otimismo moderado.

Já na América Latina, o clima é de apreensão após um 2019 marcado por protestos nas ruas chilenas e equatorianas, trocas de rumo de países como Uruguai e Argentina e situações para lá de incertas em outros, como Bolívia e Venezuela. Essas são histórias que ainda podem mexer com a boa vontade dos investidores com a região. Resta aguardar e acompanhar como a economia nacional se comporta.

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