Encontrar as pessoas certas para formar uma equipe talentosa é uma dificuldade para todos os níveis hierárquicos de uma empresa. Além disso, outro desafio consiste em planejar, preparar e desenvolver os profissionais que já atuam ali para crescerem e assumirem responsabilidades de gestão de pessoas, processos e negócios — inclusive o CEO.
Essa trajetória de desenvolvimento é conhecida como pipeline de liderança. Esse conceito se torna imprescindível para toda as empresas, uma vez que a liderança é uma das principais responsáveis pelo sucesso sustentável de um negócio. Para entender mais sobre o assunto, continue a leitura!
Conceito de pipeline de liderança
O conceito se tornou popular com o lançamento do livro Leadership Pipeline dos consultores Ram Charan, Stephen Drotter e Jim Noel. Os autores defendem que o caminho de desenvolvimento de um profissional passa por seis transições. Por isso, é preciso estar preparado e desenvolver habilidades específicas para assumir esses novos desafios.
Tais transições auxiliam todos os envolvidos a entenderem o papel de cada um, facilitando a compreensão das responsabilidades e expectativas de cada membro da equipe da empresa. Veja abaixo quais são essas transições.
Transição 1: de gerenciar a si mesmo para gerenciar os outros
Aqueles que passam por essa transição precisam aprender a deixar de fazer o trabalho para que os outros o façam. Dessa forma, o seu sucesso é fazer com que os outros tenham sucesso e sejam produtivos. Para tal, é necessário saber planejar, definir e distribuir tarefas, além de motivar e orientar a equipe, bem como mensurar o que está sendo entregue.
Transição 2: de gerenciar os outros para gerenciar gerentes
O maior desafio dessa segunda etapa é conseguir trabalhar exclusivamente com gestão, deixando de lado as tarefas individuais. É hora de pensar além da sua função e de voltar-se para questões estratégicas que sustentarão o negócio de maneira geral. Além disso, esses líderes têm um papel muito importante de escolher os líderes potenciais, promovendo o desenvolvimento deles.
Transição 3: de gerenciar gestores para gerente funcional
Para ser bem-sucedido nessa etapa, é essencial o desenvolvimento de habilidades de comunicação, uma vez que esses líderes conversarão com pessoas de diversos níveis e áreas que não têm tanta familiaridade. O aperfeiçoamento do seu lado estrategista também é muito importante, bem como a confiança na equipe com a qual está trabalhando. Além disso, esse líder precisa mais do que nunca saber delegar. O seu dia a dia será repleto de reuniões.
Transição 4: de gerente funcional a gerente de negócios
Nessa passagem, os líderes são os responsáveis pelos resultados financeiros do negócio. Para isso, é essencial que ele esteja sempre fazendo análises em longo prazo. Logo, deve sempre reservar tempo para reflexão e análise do que está acontecendo com a operação. Habilidades como administração de tempo e comando de diversas pessoas são fundamentais.
Transição 5: de gerente de negócios a gerente de grupo
Nessa etapa, temos aquele líder que, mais do que nunca, inspira e apoia todos os seus liderados. O seu papel é ter uma perspectiva global para conseguir administrar múltiplos negócios de diferentes complexidades. É ele quem é responsável pelo sucesso das pessoas — e por sua valorização —, assim como a alocação de pessoas e capital.
Transição 6: de gerente de grupo a gestor corporativo
Nessa última transição, o papel do líder é desenvolver outros gestores mesmo que de maneira indireta. Ele não assume plenamente as responsabilidades inerentes a sua função, pois precisa se concentrar no todo. É responsável por definir e conduzir o caminho a ser percorrido por todos e garantir que eles estejam em sintonia para conquistar objetivos em curto, médio e longo prazo.
Liderança na era digital
Entretanto, o desenvolvimento de líderes para assumir desafios na era digital vai além dessa preparação para a transição colocada pelos consultores. Hoje, é necessário ter habilidades e conhecimentos diferentes das gerações anteriores. É fundamental perceber isso e se atualizar na mesma velocidade que as mudanças digitais acontecem.
Além disso, uma pesquisa realizada pela Deloitte mostra que 67% dos CEOs acreditam que a tecnologia pode gerar mais valor do que o capital humano. Isso demonstra a visão equivocada desses executivos que não dão a importância necessária ao desenvolvimento dos talentos da sua organização.
Líderes das estratégias digitais
Já está ultrapassado o desenvolvimento e a necessidade de um chefe em vez de um líder no contexto empresarial. No entanto, a ideia do líder herói também já se mostrou uma estratégia não escalável e pouco inteligente.
É preciso pessoas que sejam dinâmicas, conectadas e que compreendam a importância de gerenciar pessoas. Isso significa que o líder de estratégias atuais precisa, acima de qualquer coisa, liderar equipes e pensar no negócio como parte de um ecossistema mais amplo.
Habilidades necessárias
Em relação às pessoas, podemos relacionar o desenvolvimento dessa habilidade de gestão diretamente ao pipeline de liderança. Esse novo líder precisa ser capaz de manter todos os membros do time conectados e engajados por um propósito. Além disso, visto a velocidade com que as mudanças acontecem, é preciso incentivar o pensamento criativo para gerar uma cultura de inovação. Para isso, é fundamental o aprendizado e o desenvolvimento contínuo de melhorias pessoais e de processos.
A pesquisa da Deloitte ainda coloca que, nesse cenário, os líderes precisam passar por três diferentes transformações:
- Transformação cognitiva, pois é preciso pensar de maneira diferente;
- Transformação comportamental, uma vez que é fundamental agir de maneira diferente;
- Transformação emocional, porque os líderes precisam reagir de maneira diferente.
Passando por essas transformações, acredita-se que os líderes estarão também passando por uma transformação digital. Com isso, eles conseguirão, de forma efetiva, ajudar a empresa a imaginar e concretizar o futuro digital, além de educar pessoas, direcionando os seus conhecimentos técnicos para promover o desenvolvimento pessoal e de inovação.
É importante compreender que os líderes da empresa não podem ser punidos por não corresponderem à sua expectativa se eles não sabem o que se esperava deles. Por isso, o primeiro passo para a aplicação do pipeline de liderança é fazer um diagnóstico para identificar tais problemas e entender onde é possível aplicar esse conceito de desenvolvimento.
A partir do diagnóstico, deixe claro para você e para os líderes qual é o papel de cada nível de liderança. Desse modo, será possível criar padrões de desempenho e identificar as habilidades que é preciso desenvolver para assumir uma nova posição de liderança. Consequentemente, fica mais fácil compreender quais são os gargalos da sua empresa para definir estratégias a fim de eliminá-los e, dessa forma, atingir o máximo desempenho dos seus líderes.
Em resumo, o pipeline de liderança é extremamente importante para o desenvolvimento de líderes de estratégias digitais. Afinal, pensar na sua capacitação e no seu aprendizado significa demonstrar cuidado e preocupação não só com o sucesso das estratégias da empresa, como também com as pessoas que ali trabalham. Quando se tem cuidado com os talentos, todos saem ganhando.
Se você gostou da leitura, continue no blog! Ainda sobre gestão, acesse o artigo Management 3.0 e os desafios de um novo líder.